Armando Benedetti insiste em referendo via decreto e ataca Efraín Cepeda: "Ele nem deu garantias".

O ministro do Interior, Armando Benedetti, insistiu que o Senado ainda não se pronunciou sobre o referendo apresentado pelo governo Gustavo Petro em 1º de maio, o que significa que o Poder Executivo estaria autorizado a convocar a população às urnas por meio de decreto.
"Dois ex-presidentes do Tribunal Constitucional já afirmaram que o presidente Gustavo Petro pode, sim, convocar o referendo por decreto, devido à série de irregularidades que levam à inexistência do evento e à sua falta de efeito. O debate é sempre bem-vindo. Garantir a participação cidadã é um dos elementos fundamentais da Constituição que deve ser protegido", afirmou o ministro nesta segunda-feira, 2 de junho, em sua conta no X.

Jaime Berdugo, Vice-Ministro, e Armando Benedetti, Ministro do Interior. Foto: Nestor Gómez. O TIEMPO
Além disso, o chefe da pasta política insistiu que não houve garantias durante a votação, que ele inicialmente descreveu como fraudulenta, embora tal fraude ainda não tenha sido confirmada.
“Efraín Cepeda não ofereceu garantias, nem transparência, nem tranquilidade. Hoje, muitos de nós acreditamos que o Congresso não agiu em relação ao referendo devido às inúmeras irregularidades, fraudes, trapaças e trapaças. E hoje, também há uma greve porque o Congresso continua se recusando a restaurar os direitos trabalhistas da classe trabalhadora”, acrescentou em outra publicação na mesma rede social.

Efraín Cepeda rejeitou a medida do governo. Foto: Senado - Néstor Gómez. O TIEMPO
Benedetti vem promovendo essa teoria desde a semana passada, quando, em meio à discussão sobre a reforma trabalhista na Comissão IV do Senado — aprovada em terceiro turno —, anunciou que, por supostas falhas processuais, o plenário não havia tomado nenhuma decisão sobre o referendo.
Se o Senado não tomar uma decisão até 1º de junho, o governo de Gustavo Petro convocará um referendo. O artigo 125 da Lei 5 de 1992 estabelece que a proposta deve ser lida antes da votação. Não foi lida. Portanto, o Senado não tomou uma decisão. O que foi votado? Não sabemos. O Senado não tomou uma decisão", disse Benedetti em entrevista coletiva.
No entanto, há um debate em torno dessa teoria, que vários setores consideram uma tentativa de burlar o Congresso.

Em 14 de maio, o plenário do Senado derrotou o referendo. Foto: Néstor Gómez / El Tiempo - Arquivo Pessoal
Se de fato houve irregularidade na votação do referendo pelo Senado — que foi rejeitado por 49 votos a 47 —, não cabe ao legislativo decidir sobre o caso; é competência exclusiva do judiciário.
"Há uma presunção de legalidade em relação ao ato. Se houve irregularidades, cabe aos juízes apurá-las, não ao governo. Essa apuração é de responsabilidade exclusiva dos juízes, que podem anular a decisão que negou o pedido. O caminho legal é a interposição de nova consulta, como já foi feito anteriormente, e esta deve ser reprocessada de acordo com a pauta do Congresso", argumentou, por exemplo, o ex-conselheiro de Estado Alberto Yepes Barreiro.
Presidente Gustavo Petro diz que está cumprindo a lei Mas a posição do governo é diferente. O próprio presidente argumenta que eles estariam simplesmente cumprindo a lei ao convocar o referendo por decreto, e afirma que podem fazê-lo a qualquer momento.

Tweet de Gustavo Petro sobre o referendo Foto: X
"Hoje, o referendo é decretado de acordo com a Constituição e a lei. O poder soberano não pode ser silenciado em uma democracia", afirmou o chefe de Estado em sua conta no X neste domingo, 1º de junho.
Os alertas sobre a movimentação do Governo O anúncio de Benedetti de que ele convocaria o referendo por decreto fez soar o alarme em vários setores.
O ex-presidente César Gaviria Trujillo, líder do Partido Liberal, alertou sobre o risco à separação de poderes e pediu o cerco às instituições.

Declaração de César Gaviria sobre o referendo. Foto: Partido Liberal
"Qualquer funcionário do Poder Executivo que tentar efetivamente suplantar os juízes constitucionais, declarando a decisão do Senado falha, estará cometendo o crime de usurpação de função pública, entre outros. Convocar o referendo por decreto constituiria crime de prevaricação, além de violar o princípio da separação de poderes", afirmou Gaviria.
Cepeda, por sua vez, insistiu que todas as garantias foram fornecidas e anunciou que, se o decreto for emitido, ele será contestado.
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Politizando com Juan Carlos Losada. Foto:
eltiempo